Dia Mundial da Alimentação: desafios da insegurança alimentar no Brasil 726851

Questões como fome e insegurança alimentar são preocupações a nível internacional, por isso todo 16 de outubro é dedicado a discutir a segurança alimentar e nutricional da população. De modo geral, a crise se agravou no mundo, com 122 milhões de pessoas sem ter o que comer, segundo as agências das Nações Unidas.

O número se deve à pandemia de Covid-19, que acirrou as desigualdades sociais. Segundo as agências das Nações Unidas, outro fator que contribuiu para o índice crescente foi a guerra deflagrada na Ucrânia.

Instituída pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em 1981, a data está ancorada em quatro pilares: melhor nutrição, produção, ambiente e qualidade de vida para todos. Neste ano, o tema da campanha é "Comida, água, direitos e equidade", que terá essa mensagem como mote para as campanhas em prol da causa.

A fome no Brasil piorou nos últimos três anos, como indica o relatório da FAO, divulgado em julho deste ano. De acordo com o relatório, 21,1 milhões de pessoas estavam ando fome em 2022.

Ao destacar os dados, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome chamou atenção para o agravamento da crise, uma vez que o Brasil havia saído do Mapa da Fome no período 2014/2015. Logo em 2016, no entanto, o quadro retrocedeu.

"Se tornou comum ver pessoas ando fome, na fila por ossos e catando comida no lixo para se alimentar", lamentou o ministro Wellington Dias, em texto publicado pela pasta.

Como lembra a nutricionista Gabriella Gachet, a ONU diferencia insegurança de fome. Enquanto essa última se configura como um estado de privação de alimentos, insegurança é a falta de o permanente ou temporário a alimentos saudáveis, seguros e em quantidade suficientes para satisfazer suas necessidades.

"A insegurança alimentar é um quadro que advém de outros problemas, como a falta de o à renda e à água, as mudanças climáticas e crises econômicas e governamentais", detalha Gabriela, parceira da orienteme, uma plataforma de gestão de saúde corporativa.

O mesmo relatório da FAO diz que cerca de 70,3 milhões de brasileiros, o equivalente a 38,8% da população, estavam em insegurança alimentar no ano ado. Para muitos, a situação é severa ao ponto de provocar subalimentação crônica.

Como afirma a nutricionista Clariana Colaço, especialista em transtornos alimentares, é quando o indivíduo se preocupa ou não tem garantias quanto ao o às refeições no futuro. A também nutricionista Giovanna Carvalho acrescenta que, nesse caso, a pessoa em insegurança leve reduz a qualidade nutricional da própria alimentação, já que há possibilidade de não ter dinheiro para comprar mais suprimentos.

"É quando há uma redução quantitativa dos alimentos entre os adultos ou a ruptura nos padrões, como por exemplo, pular refeições, não tomar o café da manhã ou ter que escolher entre o almoço ou o jantar", exemplifica Giovanna, também parceira da orienteme. Outro exemplo é quando adultos deixam de comer para deixar a comida disponível para as crianças e adolescentes.

Trata-se da fome, ainda que por um curto período de tempo. Segundo Giovanna, ocorre quando há redução severa de alimentos, ou seja, ruptura nos padrões de alimentação da família. Algumas consequências são desnutrição e até morte.

"As soluções para o fim da insegurança alimentar e da fome não são simples", ressalta Clariana, que hoje ministra cursos, presta consultorias a empresas e ensina sobre alimentação prática e saudável nas redes sociais.

"Necessitamos de políticas públicas mais eficientes e efetivas para as pessoas em situação de vulnerabilidade. amos também pela necessidade de se aprender a usar os alimentos como um todo, considerando cascas, talos e o reaproveitamento dos alimentos em geral", conclui. Outra iniciativa citada por ela é o incentivo a hortas comunitárias e ao pequeno produtor.